Two roads

16 junho 2005

"oh corta aí um bocadinho"

"Linha do metro terminará antes da entrada da Urgência do "S. João"

A Linha Amarela, que ligará o Hospital de S. João a Laborim, terminará antes do acesso à Urgência, não cruzando à superfície as três principais entradas daquela unidade saúde, conforme estava previsto no projecto original. Ontem, a secretária de Estado dos Transportes recomendou, por despacho, isso mesmo à Metro do Porto. Durante a tarde, o presidente do conselho de administração da empresa, Valentim Loureiro confirmou que vai acatar o pedido. Terminam, assim, mais de quatro meses de braço-de-ferro entre a comissão ad hoc e a Metro do Porto, a propósito do projecto para a envolvente do Hospital de S. João.

Agora, a Metro do Porto deverá repôr o pavimento na zona para lá da entrada principal, onde as obras seguiam já em fase adiantada e cobrir o acesso à trincheira para recolha dos veículos, por onde a linha seguiria, numa segunda fase, até à Maia. Mas ao que o COMÉRCIO apurou junto de fonte do Governo não será adiantada qualquer verba para financiar as alterações ao projecto.[...]"
,in "O Comércio do Porto".

Mais uma decisão à típica portuguesa:
Está mal? Corta-se ali um bocadinho e já está!
Os exemplos de caos urbanísticos que florescem pelo nosso país são o reflexo de décadas de decisões destas.

Por muitas críticas que possa haver ao projecto de inserção urbana no S.João, acho curiosos os mitos que nestas situações são sistematicamente proferidos:
- o "caos" no trânsito;
- vão ser filas intermináveis de carros;
- vai criar uma barreira intransponível;
- o ruído vai ser insurdecedor;
- etc, etc...

Ter a memória curta já é mau, mas não olhar para o exemplo ali ao lado é muito pior.

Já alguém se esqueceu do caos profetizado para a Rua Brito Capelo, em Matosinhos?! (onde o veículo anda ao longo de arruamento pedonal)
Aquela artéria comercial ia ficar completamente desvirtuada, iam ser dezenas de mortos por dia, o ruído ia ser insuportável.
Afinal... é um exemplo claríssimo em como o Metro convive perfeitamente com o trânsito pedonal e onde a requalificação efectuada transformou por completo o espaço público com um inegável incremento de qualidade.

Quanto ao acesso das âmbulancias ao S.João, ligado ao mito das filas de automóveis, parece-me evidente que o Metro não cria filas, mas antes re-ordena a malha viária, fazendo com que esta flua melhor. Quantos de nós já não estivemos parados nas filas da circunvalação enquanto uma ambulância a 5km/h luta arduamente para passar entre os carros? É para continuar!

No meio da confusão criada e decorrente dos péssimos decisores políticos que temos, o resultado é sempre o mesmo:
1) quem perde (e quem paga!): a população.
2) quem ganha: o empreiteiro.

Isso sim, confesso, chateia-me!